Sustentabilidade

A Relação entre Mudanças Climáticas e Gestão de Resíduos

Mudanças Climáticas e a Gestão de Resíduos
De acordo com a ONU, as mudanças climáticas são as transformações de padrões de temperatura e clima, a longo prazo. Apesar de serem um fenômeno natural, atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis e demais ações emissoras de gases como dióxido de carbono ou metano, intensificam esse processo.

As mudanças climáticas são uma preocupação crescente, especialmente com o aumento de eventos climáticos extremos. A gestão inadequada de resíduos contribui diretamente para essas mudanças, gerando degradações ambientais diversas. Resíduos enviados para aterros sanitários liberam gases de efeito estufa, como o metano, que agravam o aquecimento global.

Globalmente, a geração de resíduos contribui com 5% das emissões de GEE, sendo previstas 2,6 bilhões de toneladas de CO2e até 2050 caso não hajam intervenções mitigatórias.


No Brasil, esse cenário não é diferente. Cerca de 256 mil toneladas de CO2 são liberadas anualmente em virtude da queima de até 8% dos resíduos gerados (os quais não estão nos dados de resíduos coletados pelos municípios). Além disso, cerca de 25% dos resíduos gerados no Brasil ainda são dispostos em lixões ou terrenos baldios os quais não possuem sistemas de captura do gás metano gerado durante a decomposição dos resíduos. Juntos, os lixões e a queima irregular de resíduos no Brasil são responsáveis pela emissão de cerca de 6 milhões de toneladas de CO2 equivalente por ano, o equivalente ao gerado por 3 milhões de carros movidos a gasolina em circulação (ISLU, 2019).

A erradicação dos lixões, o aumento da reciclagem e a ampliação da compostagem são vistos como medidas essenciais para reduzir emissões e evitar que a temperatura global suba 2,7°C neste século. Segundo a ANCAT a reciclagem, realizada por cooperativas, evitou a emissão de 174 mil toneladas de CO2e.

De acordo com os dados divulgado na COP26, especialistas afirmam que precisamos reduzir pela metade as nossas emissões nos próximos oito anos. Caso contrário, da forma como estamos, é estimado que a temperatura do planeta se elevará em 2,7°C, ainda neste século. Algumas medidas para viabilizar essa redução, segundo o relatório divulgado pelo Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC) seriam: coletar 100% dos resíduos gerados a partir de 2030, aumentar em 6 vezes a atual taxa de reciclagem até 2060, comparado ao ano de 2015, compostar, pelo menos, 7% dos resíduos orgânicos até 2060, enviar para aterro sanitário pelo menos 70% dos coletados e realizar a queima do metano gerado com aproveitamento energético, e erradicar os cerca de 3 mil lixões que ainda operam no país (FBMC, 2018).

A destinação adequada dos resíduos pode gerar impactos positivos tanto para o meio ambiente quanto para a população. Quando corretamente tratados, os resíduos podem ser reciclados, reaproveitados ou até compostados, evitando a liberação de gases nocivos. Além disso, essa prática sustentável pode gerar renda para diversas famílias, criando oportunidades econômicas enquanto se protege o planeta.

O Impacto das Enchentes no Rio Grande do Sul
Em maio deste ano (2024), o estado do Rio Grande do Sul enfrentou severas enchentes, causando grandes danos às comunidades locais. Foram 446 municípios atingidos pela chuva em excesso, o que ocasionou o recorde de 5,3 metros de nível de elevação do Lago Guaíba (Agência Brasil, 2024). A presença de ocupações em áreas aterradas e ausência de manutenção nos diques de contenção e nas barreiras anti alagamento intensificaram esta tragédia.

Cerca de 2,3 milhões de pessoas foram atingidas pela enchente (Defesa Civil RS, 2024), perdendo a maior parte de seus bens e ocasionando a geração de cerca de 47 milhões de toneladas de lixo, de acordo com o Metrópole (2024). Com as estradas obstruídas pela enchente, o trajeto para o aterro sanitário de Minas do Leão, principal ponto de descarte de resíduos da região, ficou comprometido, levando a gestão de resíduos dos municípios ao colapso.

Esses eventos ressaltam a importância de uma gestão de resíduos eficaz. Quando a infraestrutura de resíduos é danificada por enchentes, o acúmulo de resíduos pode piorar as condições sanitárias e ambientais, impulsionando os impactos negativos.

Descentralização: Um Caminho para a Sustentabilidade
Um modelo descentralizado de gestão de resíduos é essencial para garantir práticas sustentáveis. A descentralização permite que processos como compostagem e reciclagem sejam amplamente implementados, reduzindo a quantidade de resíduos enviados para aterros sanitários e assim ocasionando diversos impactos positivos, como a geração de adubos naturais, rendas para famílias de recicladores e fomentando a economia circular.

Além disso, a descentralização oferece uma vantagem em situações de emergência. Em eventos climáticos extremos, como enchentes, algumas áreas podem se tornar inacessíveis. Com uma rede diversificada de parceiros, é possível assegurar que alguns serviços de gestão de resíduos continuem funcionando, minimizando os impactos dessas situações.

O jeito ARCO de minimizar as mudanças climáticas
A partir do treinamento, infraestrutura adequada e identificação de recipientes, todos os clientes ARCO garantem a melhor destinação de seus resíduos. Aqui orgânicos são compostados e recicláveis, reciclados, evitando ao máximo que os resíduos acabem em aterros sanitários e assim gerem os gases intensificadores das mudanças climáticas. Além disso, neutralizamos anualmente, através de créditos de carbono, nossa geração desses gases através do apoio do Movimento Repenso.

Vamos juntos construir uma economia sustentável de baixo carbono?

Por Isabelle Domingues Mondini
14 de junho de 2024

Fontes:
Agência Brasil. Parte da tragédia no Rio Grande do Sul foi causada por ação humana. Mai. 2024. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2024-05/rs-professor-diz-que-parte-da-tragedia-foi-causada-por-acao-humana

Defesa Civil RS. Defesa Civil atualiza balanço das enchentes no RS – 10/6, 9h. Jun. 2024. Disponível em:https://www.defesacivil.rs.gov.br/defesa-civil-atualiza-balanco-das-enchentes-no-rs-10-6-9h

Metrópoles. Enchentes deixarão quase 47 milhões de toneladas de lixo no RS. Mai. 2024. Disponível em: https://www.metropoles.com/brasil/enchentes-47-milhoes-toneladas-lixo-rs

Organização das Nações Unidas (ONU). O que são mudanças climáticas?. Disponível em:https://brasil.un.org/pt-br/175180-o-que-s%C3%A3o-mudan%C3%A7as-clim%C3%A1ticas

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